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Arquitetos: AzulPitanga
- Área: 2023 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Igor Ribeiro
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Fabricantes: CM Construções, Carajás, Carpintaria São Francisco, Casa Castelo, Casa Show, Casa do Eletricista, Ceará Ferros, Center Aço, Fábrica De Mosaicos, Gol'd Placas Propagandas, Grande Telha, Ideal Metalúrgica, Inpreval, Juá Parafusos, LA Envernizamento, Lafaiete Tintas, MC Vidros, Madeireira Beira Rio, Madeireira Nossa Senhora de Fátima, Metalúrgica São Jorge, +10
Descrição enviada pela equipe de projeto. A CASA VV surge entre coqueiros no sopé da Chapada Nacional do Araripe, Barbalha, Ceará, Brasil. O projeto buscou nascer do lugar, por entre as árvores existentes, se fragmentando para manter vivo os fluxos de energia, de animais, das águas e dos ventos preexistentes. Assim a CASA VV pretende muito menos se destacar, mas sim se camuflar na grandiosa paisagem natural.
A casa é dividida em 4 espaços construídos e uma circulação externa que conecta e conduz fisicamente e visualmente as moradoras e visitantes.
O bloco social contendo sala, cozinha, depósito, lavabo e mirante; a suíte do casal; a suíte de visitas; e um espaço descoberto para guardar o automóvel Fusca de estimação.
O lar de duas mulheres que vivem sintonizadas com as energias do universo: “Acordar e dormir com a luz do sol é divino”, “Ela é indígena” (uma fala sobre o hábito da outra de só tomar banho em áreas externas abertas), “Queremos ter a visão de cá e de lá”, “Nossa cozinha é um grande laboratório: massas, óleos, leites vegetais, temperos, alquimia com chás”, “cheiro da lenha queimando para esquentar nosso fogão”. Essas são algumas das frases que conduziram o projeto.
O primeiro traço do projeto foi definido pela linha de água que atravessa longitudinalmente o terreno nos períodos de chuva. Essa linha precisava ser preservada para garantir o fluxo das águas que junto com outras nascentes alimentam o rio Arajara. Paralelo às águas surge o eixo de circulação do projeto que vai se adaptando a topografia natural do terreno com rampas e patamares e entre árvores vão sendo inseridos o programa de necessidades.
Os dois primeiros blocos são os espaços de dormir. Seguindo o desejo de dormir e acordar com a luz do sol, inserimos os quartos com aberturas para leste e oeste, porém para protegê-los da insolação poente optou-se por utilizar: paredes de taipa de pilão que tem uma boa inércia térmica, e a inserção de uma pequena varanda.
Ao prisma regular de taipa de pilão é acoplado o banheiro em formato triangular em argamassa armada. O banheiro se abre com uma grande janela para a Chapada do Araripe para garantir o hábito da moradora de tomar banho em contato com a natureza. Esse sentimento é amplificado pela presença da pedra natural irregular no piso dos banheiros.
“Acreditamos que a poesia da arquitetura esteja na delicadeza que a luz e sombra se relacionam com os vazios, as geometrias e suas texturas naturais.”
O partido projetual para o bloco social é muito simples: duas grandes paredes paralelas de pedra de Barbalha e uma laje retangular que se apoia nessas paredes e em 4 pilares recuados da fachada. O fechamento leste e oeste foram inspirados na técnica do enxaimel com triangulação de barras de madeira massaranduba vedadas com argamassa armada, vidro fixo ou venezianas também de madeira. O inusitado ficou por conta das duas grandes portas venezianas de correr e pela escada de acesso a laje com degraus fincados externamente na parede de pedra para um subir flutuante ao mirante.